Projeto leva jogos de tabuleiro para alunos em escola: ‘Aprendemos mais’

Cerca de trinta jovens participam de oficinas em colégio de Salvador. Jogos oferecem conceitos de matemática, ciência, geografia e história.

Ampliar o aprendizado da sala de aula através dos jogos de tabuleiro. Este é o objetivo do projeto Oficinas Lúdicas, realizado em uma escola de Salvador e que envolve jovens entre 8 e 13 anos. A atividade reúne cerca de trinta estudantes que, além de acesso a conceitos de história, geografia e ciências, se divertem durante quase duas horas de oficina.

Confira as atividades da oficina no vídeo abaixo

“A gente aprende mais com os jogos, aprende a se respeitar. Se um vence, não fica assim: ‘Você trapaceou'. Além do mais, o jogo desenvolve pensamento, e isso é legal porque a gente aprende coisas novas”, elogiou a estudante Ana Elis Rosário, de 8 anos. Ela é uma das crianças que participam do projeto na Escola Motivar, situada no bairro da Federação, em Salvador.

O projeto foi criado em 2014 e é realizado uma vez por semana, sempre aos sábados e fora do horário das aulas.

“A gente traz alguns jogos tanto relacionados ao conteúdo escolar, quanto para trabalhar princípios e valores. Trabalhamos a matemática e geografia com Stone Age, ciência e conceitos de medicina com o Pandemic. São jogos que trabalham conteúdo escolares, mas também conceitos como honestidade, concentração. O objetivo é funcionar como suporte pedagógico, não substituindo educação, mas funcionando como alternativa a mais de ensino e favorecendo a aprendizagem”, explica Laíse Lima, uma das coordenadoras do projeto.

“É um método já utilizado em escolas no sudoeste. O nosso objetivo foi trabalhar com a ludicidade, mas de uma forma mais pedágogica. O objetivo é explorar ao máximo a criatividade das crianças e expor diversas maneiras delas conhecerem vários assuntos”, completa Alisson Belém, que também coordena o projeto.

As oficinas oferecem cerca de trinta jogos de tabuleiro, entre eles Pokémon, O Hobbit, Hanabi, Pandemic, Stone Age e Gardens. Ao longo dos dias de atividade, são formadas mesas de jogos, que contam com quatro estudantes e um monitor em cada uma.

“Quando as crianças estão começando a aprender os jogos, nós jogamos com elas as primeiras partidas para estimular e ensinar os macetes. Na semana seguinte, caso elas voltem para o mesmo jogo, a gente deixa sozinhas, dando apenas o suporte por fora. E na semana seguinte deixa elas mais soltas, só com o apoio visual e tirando dúvidas. No último final de semana do mês, a gente traz os pais das crianças para que eles aprendam com os filhos”, explica Fernando Pessoa, um dos monitores.

O desempenho dos estudantes na brincadeira é avaliado pelo grupo. “A gente analisa se a criança está tentando trapacear, se ela desenvolve melhor raciocínio no jogo e ajuda as outras. Mas, geralmente, elas procuram sempre ajudar umas às outras. Inclusive, mesmo em jogos competitivos, elas ficam receosas em ganhar dos colegas”, completa Fernando.

“A gente não briga. Não fica: ‘Eu que venci'. É só amizade. Não precisa brigar só porque o outro venceu e ficar com ciúmes”, garante Maria Clara Moreira, de 9 anos.

Para a coordenadora Laíse Lima, a ideia de utilizar jogos de tabuleiro no ambiente escolar é uma forma de ampliar a socialização dos jovens.

“O jogo permite você sentar com amigos ou até com pessoas que não conhece. Esta é a principal característica do jogo de tabuleiro, que se diferencia do jogo de computador, que às vezes você até interage com outra pessoa, mas ela está do outro lado da tela. No jogo de tabuleiro você está sentado, socializando com amigos, abrindo opções de conversa mais profundas”, opina.

“A gente vive em uma era muito digital. A gente vê as crianças com tablet, celular e isso causa um impacto negativo quando gera o vício. E os jogos de tabuleiro têm uma interatividade social muito grande. As crianças se ‘forçam' a conhecer umas às outras. Estão em prol de um objetivo, e o tabuleiro consegue explorar a sociabilidade”, acrescenta Alisson.

SUCESSO

A iniciativa foi aprovada pelos jovens que afirmam esperar ansiosos pelos dias em que irão participar dos jogos. Muitas deles garantem que nunca tiveram contato com jogos de tabuleiro antes das oficinas.

“Eu comprei Hanabi para jogar em casa com meu pai. Nós dois jogamos e é muito legal”, elogia Ana Elis Rosário, de 8 anos. “Eu comprei dos baralhos de Pokémon para jogar em casa”, completa Maria Clara Moreira, de 9 anos.

“As crianças amam. Acho que o olhar de cada criança quando a gente traz um jogo novo é incrível. Para mim, vale mais que o dinheiro. O olhar de cada menino, cada menina, o brilho no olhar é gratificante e é o que me fez continuar com o projeto”, conta a coordenadora Laíse Lima.

“Criança acordar cedo, em um sábado, sabendo que não tem aula e mesmo assim vir é gratificante. O interesse deles é algo muito motivador”, completa Alisson.

FONTE: GAME BAHIA (G1)

 
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