Os gráficos e a interatividade dos videogames Playstation 3 e Nintendo Wii não foram suficientes para colocar um fim nos tradicionais jogos de tabuleiro. Tanto que as vendas apontam bons números há, pelo menos, três anos: seu faturamento, hoje, corresponde a 9% do mercado de brinquedos e movimenta cerca de R$ 225 milhões anuais, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).
Além de conhecidos como Banco Imobiliário, Detetive e War, estão em alta os eurojogos, que unem competições estratégicas em tabuleiros de design caprichado e jogabilidade complexa. “O que atrai nesse tipo de diversão é que as pessoas interagem muito mais sem a mediação de uma máquina. Os jogadores participam intensamente da estratégia”, diz Vicente Martin Mastrocola, 31 anos, mais conhecido como Vince Vader, professor de Criação Digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo, nerd assumido e autor de mais de 30 jogos para celulares, internet e tabuleiros.
Um dos jogos de estilo europeu mais populares é o Descobridores de Catan, em que os participantes usam recursos naturais de uma ilha para fazer construções (veja no quadro abaixo). Criado em 1995 pelo então protético alemão Klaus Teuber, já vendeu mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo, o dobro do fenômeno Halo 3, do Xbox 360. Na Alemanha, para se ter uma ideia do interesse do público, as críticas de jogos dividem espaço com as de cinema e teatro nos jornais. No Brasil existe uma comunidade formada em torno dos tabuleiros.
SEM VIOLÊNCIA
Nos eurojogos não há guerras. Os criadores preferem conflitos em torno de desenvolvimento de cidades como o Carcassonne ou colonização de países, o que acontece em Puerto Rico. As regras são simples, ninguém é eliminado antes da rodada final e não há combate direto entre os participantes. A vitória vai para quem desenvolve melhor seu pedaço da ilha ou constrói primeiro sua ferrovia. Quem quiser levar um eurojogo para casa vai desembolsar até 200 reais, por isso muita gente prefere se reunir nos clubes especializados. “Nunca me imaginei indo a um lugar com desconhecidos para jogar em volta de um tabuleiro. Achei nerd no começo, mas percebi que ir ao cinema é até mais isolado. Aqui acabei conhecendo muita gente nova”, diz o designer de jogos Luish Moraes Coelho, frequentador da casa de jogos Clube do Um, em Belo Horizonte.
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