Caminhando na contramão da tecnologia, os jogos de tabuleiro têm ganhado cada vez mais espaço quando o assunto é entretenimento. O mercado está otimista. Nas rodas de amigos, os jogos ocupam lugar de destaque.
Damas, Gamão, Dominó, Xadrez… uma infinidade de jogos que ao contrário do que todos imaginavam estão se tornando protagonistas em plena era digital. Eles voltaram com tudo! Crianças, jovens, idosos. Não tem idade. Todo mundo é bem vindo quando se fala em jogos de tabuleiro. E o mercado agradece! Essa forma de entretenimento tem representando uma ótima oportunidade de negócio. De acordo com a ABRINQ, Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, os jogos de tabuleiro, movimentaram, em 2015, cerca de 500 milhões de reais. Eles ocupam o terceiro lugar dentro do mercado de brinquedos. Perdem apenas para as bonecas e carrinhos. Um setor que não vê nem sinal de crise. Muito pelo contrário, trabalha com perspectivas bem otimistas. Para se ter ideia, neste ano, a Abrinq trabalhava com expectativa de crescimento de 12%.
A empresa do mineiro Renato Simões, voltada pra criação de jogos, é um exemplo de que existe espaço para empreender. Renato é um verdadeiro aficionado por jogos de tabuleiro e decidiu transformar o hobby em negócio. Deu tão certo que já trabalha com aumento de 200% nas vendas em 2017. “Nós encontramos um mercado que aceitou muito bem nossos jogos. Inclusive nós esgotamos o primeiro. Estamos crescendo. Então a gente pretende faturar a partir do ano que vem cerca de 250, 300 mil reais. Tem empresa que cresce aí 300%. Já estão com faturamento em 15, 20 milhões de reais. Os jogos de tabuleiro, foram desafiados pela tecnologia e mostraram que vieram pra ficar.”
É o que explica o jornalista, pesquisador e integrante da Sociedade Internacional de Estudos de Jogos, Maurício de Araújo Lima. “Os jogos de tabuleiro são uma parte fundamental da vida da criança para o desenvolvimento cognitivo e também para o desenvolvimento da sociabilidade. Uma interação de iguais. Esse que é o aspecto mais importante da utilização dos jogos na educação”.
Quem gosta de jogar assina embaixo. O professor André de Souza é desses que não perdem uma oportunidade de encontrar os amigos para uma partida. “Tenho 50 anos e sou de uma geração que se agrupava. Agora as gerações mais recentes não se agrupam, se isolam. Eu tenho muitos sobrinhos, outro dia a gente estava em casa, chovendo e eles entediados. Aí eu peguei os jogos que tenho em casa, fomos jogar, ninguém queria sair, ninguém ficou entediando, ninguém lembrava mais da chuva. O jogo é muito rico nisso.”
Os jogos de tabuleiro existem desde as civilizações mais remotas. No Egito Antigo, por exemplo, os mortos eram enterrados com seus jogos, pois acreditavam que eles seriam a saída para acabar com o tédio e a monotonia daqueles que haviam passado para o lado de lá. Desde então, os jogos de tabuleiro foram acompanhando as mudanças enfrentadas pela sociedade. Ganharam o mundo com a revolução industrial. Jogos que eram mania em outros países, começaram a aparecer por aqui. O Banco Imobiliário é um exemplo. Foi lançado na década de 1930, em plena recessão americana. Acabou ganhando o brasileiro. Para não perder o mercado, as empresas estão inovando, criando novos formatos e formas de jogar. Tudo para manter esse público que é mais do que cativo.